segunda-feira, 25 de abril de 2011

O mundo pós-carbono


Em vez de fumaça preta, ônibus movidos a hidrogênio lançam à atmosfera somente um vaporzinho d’água. Casas, escritórios e indústrias são iluminados pelo calor do Sol ou pela força dos ventos e dos mares. Somem-se a esse cenário start ups, fundos de investimento e multinacionais investindo em projetos inovadores de baixo impacto ambiental, que reutilizam matérias-primas e tornam menos agressiva a presença humana no planeta. Essa não é a descrição de um futuro distante. A roda da economia da era pós-carbono já começou a girar – e deve ganhar velocidade depois que a turbulência no Oriente Médio pôs a cotação do petróleo em trajetória de alta. Em países como Coreia do Sul, Portugal, Finlândia e China, o ritmo desse movimento é intenso. Em lugares como Abu Dabi, nos Emirados Árabes, cidades estão sendo erguidas a partir do zero, com base em tecnologias limpas. A revolução também abraça o setor de transportes. Paris está prestes a inaugurar um serviço de aluguel de carros elétricos, o AutoLib.

Esse mundo com taxas minguantes de poluição seduz grandes empresários, como o britânico Richard Branson, fundador do grupo Virgin, um conglomerado de mais de 300 empresas espalhadas por 30 países. Além de mestre do marketing (promove voos espetaculares em balões e quer criar a primeira companhia de viagens aéreas comerciais para o espaço), Branson é um especialista em farejar oportunidades. Ele já afirmou: “As soluções para o aquecimento global criarão mais riqueza que qualquer outro negócio na próxima década”. Por isso mesmo, Branson patrocinou, há dois anos, a criação da Sala de Guerra ao Carbono (Carbon War Room, ou CWR).

Misto de empresa e organização ambiental, a CWR funciona como uma espécie de farol desse novo mundo pós-petróleo. Conta com 13 empregados, dispostos em quatro escritórios. Eles são liderados por Jigar Shah, fundador da SunEdison, uma start up do setor de painéis solares. As frentes de batalha da equipe já foram demarcadas. No total, somam 25 e incluem temas como energia, transporte, infraestrutura, uso da terra, economias emergentes e gestão do carbono. O papel da entidade, em cada uma dessas áreas, é promover uma sinergia entre os setores público e privado para, literalmente, mover mundos e fundos e viabilizar projetos sustentáveis – muitos deles de criação de cleantechs (como são chamadas as jovens empresas focadas em energia renovável).
O faturamento de 100 empresas de tecnologia
limpa cresceu US$ 4 bi somente em 2010


Tal universo expande-se rapidamente. É o que demonstra um relatório do Cleantech Group, consultoria de tecnologias limpas. que desde 2009 elabora um ranking com as 100 empresas globais mais promissoras nesse ramo. Seu faturamento avançou US$ 4 bilhões no ano passado. Os investimentos de fundos de venture capital (realizados para sustentar contratações e aquisições) também cresceram. Em 2010, superaram em 28% os aportes feitos em 2009.

Houve ainda maior volume de IPOs (ofertas iniciais de ações), fusões e aquisições de start ups que atuam com energia renovável. Em todo o mundo, 93 cleantechs emitiram pela primeira vez ações em bolsa, iniciativas que resultaram na captação de US$ 16,3 bilhões. A China liderou esse movimento. Nada menos do que 68% dos IPOs do gênero foram realizados pelo gigante asiático. No geral, foi ascendente ainda o volume de fusões e aquisições. Avançou 37% em relação a 2009, com US$ 36 bilhões negociados. Tantos indicativos já convenceram empresas como Google, GE, Coca-Cola, IBM, Siemens, Unilever, Shell (a lista é longa) de que as cleantechs são opções atrativas de investimentos. Sua presença como parceiros ou clientes desse tipo de start ups verdes aumenta constantemente.
(epocanegocios.globo.com)

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