segunda-feira, 2 de maio de 2011

Engenheiros desconhecerem vantagens da eficiência energética atrapalham sua difusão no país

A falta de engenheiros que tenham o conhecimento sobre a economia que um projeto de eficiência energética traz é um dos pontos principais para o tema não ser tão difundido no país. Esse foi um dos temas apresentados no seminário de eficiência energética realizado pelo Comitê de Jovens Empreendedores (CJE) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em que à Revista Sustentabilidade esteve presente.

O evento que teve como tema: “Eficiência Energética: Perspectivas e Oportunidades”, contou com a presença da diretoria do CJE, do diretor de departamento de infra-estrutura (DEINFRA) da FIESP, Luiz Gonzaga Bertelli, e do presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), Ricardo David, onde ambos ministraram palestras a respeito da matriz energética no país e a aplicação de projetos de eficiência energética.



Com o tema “Linhas de créditos aos projetos de eficiência energética”, David apresentou um pouco do que são as Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ESCOS), que são empresas especializadas em constituir projetos de eficiência energética.



David também falou do PROESCO, que é uma linha específica de crédito destinados exclusivamente a projetos de eficiência energética apresentados pelas ESCOS e por consumidores finais de energia.



“A eficiência energética é um mercado novo e totalmente promissor”, disse David em relação das possibilidades de investimentos por parte de novos empreendedores em projetos da área.



David citou que quando é questionado de como um projeto de eficiência energética pode se integrados a outros projetos, ele afirma que a eficiência energética tem que existir em qualquer estrutura . “A eficiência energética é uma medida estrutural e não conjuntural, sendo assim, ela tem que existir em qualquer estrutura produtiva. Ela é um elemento de ontem, hoje e sempre”, disse.



Para David, um ponto forte para que projetos de eficiência energética não ser “ainda” tão difundido no país, é a questão dos engenheiros elétricos.



“Quando se fala de eficiência energética com um engenheiro elétrico que está saindo a agora, ou a pouco tempo saiu da universidade, ele sempre falam que é muito caro se investir em eficiência energética. Como uma coisa que vai trazer uma economia permanente pode ser mais caro?”, disse David.



“Os engenheiros de hoje são mal formados em economia. Eles não são capazes de analisar as economias em um fluxo de caixa com a aplicação de um projeto de eficiência energética. Isso é uma grande dificuldade de se difundir a eficiência energética no país”. disse David sobre como a falta de preparação dos engenheiros pode ser um grande impasse na hora de se aplicar técnicas eficientes para a energia no país.



Uma pesquisa foi elaborada pela ABESCO para saber como a eficiência energética é aceita nas indústrias. E o resultado foi que, 50% das indústrias não vêem a eficiência energética como uma prioridade.



Outro dado espantoso é que, 43% das pessoas, que atuam nas indústrias, não aceitam reduzir seus gastos em consumo de energia para implantar um projeto eficiente.



Bertelli em sua palestra discutiu o tema “A Matriz energética brasileira e a racionalização como estratégia para enfrentar a escassez elétrica”, apresentando as fontes de geração de energia do país e como elas poderiam ser substituídas por tecnologias mais eficientes,



Segundo Bertelli, a energia gerada a partir da fonte hidrelétrica é a mais limpa, porém, a que mais falta incentivos e investimentos.



“Há um verdadeiro desestimulo por parte dos investidores para com as hidrelétricas. A falta de investimento é bastante considerável. Nos anos 80 se investia muito mais do que hoje, pode-se dizer que hoje não se investe nada nessa área”, disse Bertelli.



“Nós [o povo brasileiro] não tem cultura de como se economizar energia. Para o brasileiro, por conta de ser energia barata e em abundância, pensamos que ele nunca irá acabar, mas não é isso que está se mostrando nos últimos anos”, disse Bertelli em relação de como o brasileiro não se preocupa em economizar energia.



Em relação a energia eólica, Bertelli frisou que a geração no Brasil tem um papel razoável. “A situação para geração de energia através dos ventos no país não é muito favorável”, disse Bertelli, citando que o país se encontra em 20º lugar no ranking mundial de geração eólica. A Alemanha produz 28% de sua energia elétrica através de sistemas eólicos.



O grande potencial de eficiência energética no país, segundo Bertelli, é a energia solar. “Temos um país que nos provê 300 dias de sol por ano, isso é ótimo”.



Porém, para geração de energia elétrica por parte do sol ainda pode ser um pouco complicada, sendo que as placas fotovoltáica, utilizadas para converter o calor do sol em energia, são fabricadas fora do país, como em Israel, que hoje é o maior produtor dessa tecnologia no mundo.



Porém, o aquecimento de água é possível, e segundo David, o Brasil já está bem avançado no termo de fabricação de aquecedores solares.



“Não é por falta de tecnologia que não se utiliza aquecedor solar de água no Brasil”, disse David.



O aquecimento de água através do calor solar é um grande aliado na eficiência energética, pois poderá substituir o chuveiro elétrico, grande vilão do consumo de energia.



“O chuveiro elétrico é um grande predador de energia elétrica”, disse Bertelli, enfatizando que os brasileiros fazem mal uso de um tecnologia que eles mesmo criaram.



Outra alternativa, além de ser uma das propostas do PROESCO, segundo David, é a criação de um leilão de eficiência energética. “Ao invés de se comprar energia, por que não se tem um leilão destinado a retirada de MW utilizado pelas empresas, que poderia se substituídos por alternativas energéticas?”





Bertelli citou a situação do país em relação a energia nuclear. “O país tem está em plena condição de já ter começado a construção de Angra III, todos os equipamento e maquinários já estão comprado, só falta a licença ambiental para entrar em ação”.



Segundo Bertelli, a energia nuclear vem de um geração limpa, que causaria danos nulos ao meio ambiente. E outro ponto positivo em relação da energia nuclear ser mais difundida, é que o país tem a 2º maior reserva de urânio do mundo.



Porém, David rebate. “Em relação a energia nuclear, o Brasil consegue fazer o mesmo com a eficiência energética, e com muito menos impacto, muito menos tempo e muito mais barato”, disse. O custo para a construção de Angra III será de R$7 bilhões.
(revistasustentabilidade.com.br)

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